Hey leitores!
Tudo bem com vocês?
Eu (Marcela) e a Vivi trouxemos hoje para
vocês duas resenhas de dois livros nacionais de gêneros literários diferentes.
Vamos conferir?
Livro: Tempo Seco
Autora: Clara Arreguy
Editora: Geração Editorial
Ano: 2009
Páginas: 128
Skoob: 4/5
Sinopse: O livro “Tempo Seco”, da jornalista Clara Arreguy, é um romance de ficção com flashes do cotidiano, intermediado pelas histórias de taxistas, bons homens, gente que vive em Brasília e espera, sempre, por uma nova vida. Política, traição, violência e amizade, num só lugar.
Resenha: Com mais de 40 anos, solteira, sem filhos, Miriam
resolveu sair de Belo Horizonte e vai morar em Brasília, deixando para trás sua
família e uma desilusão amorosa. Sem perspectiva, sem sonhos e sem ilusões, ela
inicia uma nova etapa.
“Miriam chegou assim, aos trancos e barrancos, a
Brasília, para iniciar uma etapa de vida em que tinha muitas ilusões com grandes passos,
grandes questões, grandes conquistas. ”
Independente, possui um bom emprego, é petista e
não tem amigos na cidade, por isso sempre vai sozinha aos lugares. Não dirige
por diversos motivos, isso faz com que Miriam vire uma utilizadora assídua do
serviço de táxi. Com o tempo, ela acaba gerando uma proximidade maior com os
taxistas. Sim! Exatamente! Os taxistas deixam de ser apenas prestadores de
serviços, e tornam-se seus amigos.
“Vocês são meus anjos da guarda’, dizia ela sempre
aos motoristas daquele ponto de táxi, que a haviam adotado desde que chegara à
cidade. Eram vários, identificados pelo número junto a central de radio táxi –
muitos ela conhecia pelo nome, alguns foram ficando amigos.”
Por causa do convívio, Miriam acaba por conhecê-los
bem, sabe dos problemas que enfrentam no trabalho e na vida pessoal. Discutem
os mais variados assuntos. Do clima ao assunto que está em alta, ou seja,
política. Cada um com suas preferências partidárias, mas sempre respeitando a
opinião do outro. Conforme avançamos na leitura, vamos descobrindo mais sobre a
vida desses motoristas.
“Assim, seus
melhores papos passaram a se dar com os motoristas que a conduziam, no sábado à
noite, para o cinema, o teatro, uma festa, um shopping. Rodrigues, Seu João,
Bené, a turma. Papos que iam longe, da política aos sentimentos de abandono. Da
visão de mundo aos projetos de futuro. Papos chegados. Porque não?”
No entanto, a narrativa relata com mais riqueza de
detalhes a vida de Nonato Rodrigues, ou Natinho, o amigo que Miriam tem mais
afinidade. Vamos nos inteirar de toda sua trajetória, desde seu nascimento. Uma
passagem pela sua vida, cheia de realizações, decepções, conquistas, fracassos,
desamores e um acontecimento que o mudou para sempre.
Os capítulos do livro não possuem denominação
específica e são bem curtos, a maior parte deles estão na terceira pessoa, mas
alguns são na primeira, possuindo uma linguagem simples que facilita a
compreensão da história.
A interação que o narrador tem com o leitor é muito
interessante, fazendo perguntas que nos levam a refletir sobre tais situações.
Em alguns momentos era como se eu estivesse lá, visualizando todos aqueles
acontecimentos, ou melhor, como se eu estivesse dentro do táxi, junto com
Miriam, ouvindo todos aqueles relatos.
“Razão ou fé?
Razão ou emoção? Razão ou loucura? Razão, sempre razão. O contrário pode ser
muita coisa boa – como fé e emoção –, mas muita ruim, como loucura ou
irracional.”
Talvez a temática “política” possa gerar um certo
receio quanto a leitura, já que o assunto sobre política em questões
partidárias está bem presente no livro. Porém, é bastante atrativo vê o ponto
de vista de cada personagem quanto a esse tema, despertando ainda mais o nosso
interesse. Sem falar da capa, que é muito bonita, com cores vivas e bastante
atrativas.
Um livro incrível, com relatos tão corriqueiros do
nosso dia a dia, que somos incapazes de dizer se de fato é real ou não. A
história de Rodrigues é bem cativante, pelo motivo de ser tão realista, nos
levando a situações que pode acontecer com qualquer um.
Mas, o que me surpreendeu mesmo foi o final. Sério,
não esperava que terminaria da forma como terminou. Quando cheguei ao fim da
leitura, fiquei sem palavras e passei um bom tempo pensando sobre as últimas
páginas.
“É Miriam, sua vida nesta nova cidade daria um
livro igual àquele dos pensamentos mais profundos do governante que deixou seu
Estado quebrado: todo em branco.”
Com todos esses aspectos, a leitura torna-se
bastante prazerosa, mergulhei e me envolvi com o livro do início ao fim,
recomendo, portanto, aos leitores mais “maduros”, que apreciam histórias reais
e cativantes.
Classificação
Livro: Quando Nasce um Romance
Autor: Röhrig C.
Editora: Creetespece
Ano: 2015
Páginas: 222
Skoob: 3/5
Sinopse: “O que você deseja nesta vida, você consegue – o segredo é aceitar.” QUANDO NASCE UM ROMANCE é uma novela que fala sobre o cotidiano de um escritor em crise; alcoólatra, confuso, sem perspectivas, vivendo em uma cidade do interior. A única coisa que tem é a convivência de amizades de aparências. Ele não consegue escrever. Está bloqueado e sem ideias para iniciar sua próxima história. Com seu cotidiano cheio de problemas aparentemente sem nenhuma história para contar, ele apenas mergulha em seu próprio mundo. Jeux, o personagem principal, tem um grupo de amigos intelectuais que se reúnem todas as noites para conversar na mesa de um bar de uma cidade que outrora viveu seu ápice e hoje vive de um passado inventado. Um grupo de fracassados que se apoiam em suas próprias mentiras e jogos dissimulados na ilusão de disfarçarem o vazio que sentem além suas existências medíocres e seguras. Numa determinada noite em que novamente vai ao encontro dos amigos no bar, Jeux conhece a jovem Isabella. Mal sabia ele que se apaixonaria tão logo captasse naquele olhar um misto de sensualidade e paixão que todo homem distraidamente busca em uma mulher. Cansado de relacionamentos sem sentido Jeux entrega-se a esta nova paixão recheada de mistério, perigo, encontros às escondidas e sexo. Nasce uma paixão, envolvente e confusa: diferença de idade, situação financeira, classe social, relacionamentos alternativos, o tempo em que cada um se encontra no mundo, tudo conspira contra eles. Ela com 21 anos, casada, universitária. Ele 33 anos, escritor alternativo e boêmio. O que os une é a necessidade de estarem juntos de forma intensa e transgressiva.
Resenha: Quando
Nasce um Romance nos conta a história do escritor, Jeux, um alcoólatra sem
perspectiva, já que há anos tenta escrever algo, mas nunca consegue, pois
acredita que precisa de uma “musa”. Sua vida está fadada a uma rotina viciosa
que envolve beber até perder a consciência ou sair e ir encontrar seus poucos
amigos em um bar, para contar sempre as mesmas histórias.
“Minha esperança seria uma musa,
encontrar a mulher perfeita ou conhecer a história da mulher perfeita, um
romance daqueles de marcar uma época. ”
Porém
esse ciclo aos poucos é quebrado quando ele é apresentado por seus amigos,
neste mesmo bar, a Isabella. Uma mulher jovem que está se formando em Letras e
é casada com um homem que há muito tempo deixou de amar.
Ambos
vêm em si mesmos uma forma de explorar “novos horizontes” e se divertirem nessa
arriscada aventura, já que o marido dela é um policial (o que torna tudo ainda
mais emocionante). Mesmo tendo poucos interesses em comum, surge entre eles uma
necessidade pungente de estarem juntos.
“-Você me ama? Senti uma dor, como se aquelas
palavras esmagassem meu coração. Era isto então, eu estava amando. Estava
apaixonado. ”
Ao
mesmo tempo em que um novo sentimento nasce, Jeux começa a se vê capaz de
iniciar uma verdadeira história, digna de ser publicada e lida.
Então
gente, serei sincera com vocês, ao decorrer do livro notei que não me encaixava
no público alvo da obra, mas antes de explicar melhor tenho que dizer que o
gênero do livro é “undergroud”, ou seja, é uma história que foge dos padrões
comerciais, do modismo, e etc, e acredito que seja por esse e alguns outros
motivos que eu não consegui me deixar levar pelas páginas. Porém, não posso
deixar de comentar o quanto o desfecho me surpreendeu e ao mesmo tempo me
deixou revoltada, pois foi totalmente inesperado.
“A primeira coisa de que lembro é
o tic-tac do relógio. No início parecia que vinha de longe... tic-tac,
tic-tac...”
O
livro que explora literalmente o subterrâneo
(underground) da sociedade, o cenário apresenta um apartamento decadente, um
bar super lotado de baixa qualidade, ruas escuras e personagens imperfeitos e
fracassados.
“O
futuro parecia algo nublado. Não conseguia achar uma saída. ”
Eu
acredito também que a capa da primeira edição era muito mais encantadora do que
a segunda, porém eu gostei das ilustrações que antecedem os capítulos, e a
escrita do Röhrig é cômica, apesar do humor ser negro, e fluída; narrando a
obra em primeira pessoa, o que eu aprecio bastante, pois assim temos esse
contato direto com os pensamentos e emoções do personagem.
"-Isto é paixão, não é amor.
-Mas hoje para mim só existe
você.
-Eu também me sinto assim, também
te amo hoje. ”
Esse
é um livro que aborda o amor sem toda aquela magia e glamour que encontramos
nos livros de romance (principalmente nos de época e new adult), sendo assim
então um livro direto e objetivo, que deve ser lido com a mente aberta, livre
de restrições.
Recomendo
para os leitores mais “maduros” que gostam de um romance cru e realista que a
vida propõe a maioria das pessoas.
Classificação
Obrigada, Marcela, pela bela resenha. Parabéns pelo trabalho que vocês desenvolvem em prol do livro e da leitura.
ResponderExcluirOie
ResponderExcluirFiquei curiosa pelo primeiro livro, na sua resenha o que deixou com vontade de ler foi quando vc disse que o final te surpreendeu, eu gosto quando isso acontece. Apesar do tema e enredo não terem chamado a minha atenção, eu quero saber o final.
Já o segundo livro eu não sei se iria curtir tanto, apesar de gostar de romance, eu curto mais os de época. Mas talvez leria, por curiosidade.
Adorei as dicas.
Beijos
http://diariodeincentivoaleitura.blogspot.com.br/